segunda-feira, 7 de maio de 2012

Tal pai, tal filha... ambos "criminosos"

A cadeia seguia seu caminho quando neste apareceu um obstáculo: um tronco caído no meio da estrada. O senhor que conduzia o veículo revirou os olhos, desceu da carroça e foi retirá-lo do caminho, o bastante para que conseguisse passar. Foi quando nossa fugitiva sai rapidamente de uma moita com um grande pedaço de madeira e acertou em cheio na cabeça do senhor, e embora não o matasse foi o suficiente para que este ficasse desacordado. Ela então procurou as chaves em seus bolsos, achando-a seguiu rapidamente para carroça para libertar os presos.

- Eles também? – argumentou Balian.
- Sim, me servirão.
- Mas são criminosos. – respondeu o amigo espantado.
- E até onde me disseram, também és um. – olhou-o séria enquanto amarrava as mãos dos criminosos.
- Disse que acreditava na minha inocência. – falou o homem mais espantado ainda.
- E acredito.

E como se fosse algo completamente entendível ela montou em seu cavalo e ajudou um dos criminosos a subir em sua garupa. Balian ficou olhando-a sem ação e ela exclamou para o mesmo:

- Vai ficar aí parado? Se acomode no cavalo do guarda e ajude o outro homem a subir em sua garupa. O sujeito alto e forte não será a bela adormecida por muito tempo.

Ele então fez sua expressão comunal de quando fingia que entendia as ações e explicações descabidas de sua “Mana”. Por falar nisso, acho que devo-lhe uma explicação quanto ao novo personagem caro leitor. Pois que seja dada. Balian e Amora conheceram-se quando crianças quando esta passava temporadas na casa de uma suposta tia, e por serem filhos únicos (ou pelo menos ela assim achava) acabaram adotando-se como irmãos. Ela não mais o chamava de “Mano”, como pudemos ver, mas ele ainda mantinha o antigo hábito. Algo que agora passava na cabeça dela, por mais infantil e supérfluo que fosse, era um pacto que ambos fizeram certa vez: juraram que eles escolheriam seus respectivos conjugues um do outro quando chegasse o dia, que por sinal nunca chegou já que ela fora mandada as pressas para o colégio interno. Após várias horas cavalgando em silêncio ele perguntou-lhe:

- Não vai querer saber o que houve?
- Não, sei que é inocente.
- Não pareceu tão certa disto mais cedo.
- Por que casou? – perguntou finalmente virando-se para o mesmo. Este riu.
- Sou acusado de assassinato e é isto que mais te aguça a curiosidade? – permanecendo o silencio, Balian prosseguiu – Bom... conheci uma moça, me apaixonei e nos casamos. E se está me acusando de ter quebrado nosso pacto, acho que não é a pessoa mais indicada a isso. Ouvi que vai encontrar seu marido na próxima vila.
-Ahhh... Isso foi uma desculpa. Acho que sou a única que cumpriu o trato, ham? – sorriu divertida.
- Desculpa? Mas por que? – olhava-a confuso.
- Acha que ficaria bem uma dama cavalgando por aí só? Claro que não, ele constataria rapidamente que sou tão criminosa quanto vocês. – sorriu sinicamente.
- O QUE? – no susto parou seu cavalo – Como assim criminosa?
- Ahhh Balian, não seja tolo. – revirou os olhos enquanto falava – Isso seria o que ele pensaria, não estou afirmando que sou. Vamos, temos muito caminho pela frente. Vai ter que mudar de nome se quiser ser inocente.
- Mas eu sou inocente e vou provar! – pôs seu cavalo a andar novamente.
- Sério? E como pretende fazer isso? – interrogou-o fazendo o mesmo.
- Tenho provas , Amora. Eu não estava em casa no momento em que... – e calou-se.
- Ohhh, isso é bom. Onde precisa ir para consegui-las?
- Só me deixe na próxima vila, me viro depois.
- Como quiser, monsier. – respondeu brincalhona.

Seguiram cavalgando por horas a fio, montaram acampamento e logo pegavam a estrada novamente. O reencontro com seu amigo de infância fez-lhe recordar dos tempos passados quando vivia com seu pai e seus respectivos marujos. Ela amava o mar bem como o pai, e este a ensinava tudo o que sabia, ou quase tudo. Divertiam-se aplicando pequenos golpes, fugindo deles ou contando-os ao pé da fogueira, aquilo sim era vida e não a que ela tinha em Paris. O barulho das ondas no casco do navio, o movimento da tripulação com seus afazeres diários, as ordens do pai e o sorriso do mesmo, era o que mais ela sentia falta. Nada a fazia sentir mais viva que o cheiro da maresia que vinha com aquela brisa energizante. Aquilo sim era viver...

"- Está encrencado seu porco imundo! Renda-se ou arrancarei suas entranhas com minha espada!
Capitain Chevalle virou-se ao sentir algo em suas costas e ouvir as palavras fortes que vinham de um pequeno ser intruso, riu e zoou da filha.
- É mesmo? E como pretende fazer tal coisa com uma espada de madeira, petite? Veja só como minha herdeira cresceu, senhor Sparrow . – o homem que estava a conversar com o capitão logo olhou para pequena e abriu um sorriso estendendo a mão.
- Prazer, mademoiselle. Vejo que logo se tornará uma bela e perigosa... donzela.
- O prazer é todo seu, pirata. – respondeu a pequena já com ares de “gente grande” pousando sua mão sobre a de Sparrow, este a beijou.
- Pelo visto herdou muito do pai. – comentou fazendo uma careta. Logo Chevalle interropeu.
- Bom, agora vá para a cozinha papai tem negócios a tratar com o senhor Sparrow.
Obedecendo as ordens de seu pai, Amora seguiu para cozinha após os homens se retirarem para cabine do navio."

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