domingo, 11 de outubro de 2009

A verdadeira face

O dia amanheceu e com a claridade do sol ela acordou, olhou para o lado e não viu mais ninguém. Levantou-se e foi lavar seu rosto numa bacia que estava sobre uma mesinha, sobre outra mesa havia um pequeno café da manhã. Sorriu e foi esfomeada até ela, falou sozinha.

- Bela delicadeza, Mr. John.


Após alimentar-se saiu pela fazenda com um dos cavalos que acho no estábulo. Ao final do dia estava de volta, levou o cavalo de volta sem que ninguém percebesse, na verdade quase ninguém.


- Voltou? - ela assustou-se e virou-se para seu espião.
- Non me assuste assim, posso non me responsabilizar pela reação.


Enquanto ela prendia o arreio do cavalo ele se aproximava, segurou em seu braço com força virando-a de frente e falou bem próximo a ela.


- Falei pra ficar longe de confusão!


A mesma sensação voltava-lhe e misturava-se com o medo. Tentou controlar-se para não deixar transparecer e olhou com vigor.


- Alguém me viu pegar o cavalo, monsier? Non roubei, peguei emprestado. – puxou seu braço fazendo com que ele o soltasse, olhou-o irritada. Non precisas te preocupar, logo estarrei longe daqui.


Retirou-se dali, ele, certamente com a mesma sensação que ela, ficou a observá-la saindo do estábulo, e irritado consigo mesmo, esmurrou uma das pilastras.
Ela entrou na casinha e, ao fechar a porta, recostou-se nela fechando os olhos. Tentava enganar a si mesma, concordando que tudo que sentia era raiva, excessiva por quase nada, mas era raiva. Ele foi banhar-se em outro lugar, num “chuveiro” próximo às casinhas talvez. Na casinha, Amora se preparava para o seu banho, sempre com a adaga por perto e atenta caso John aparecesse, este só apareceu quando ela já havia deitado para dormir. Olhou-a e pensou que a mesma já tivesse adormecido, foi até seu guarda roupa e de lá tirou uma caixa, logo em seguida guardou-a, deitou-se dormindo rapidamente. Enquanto isso ela observava-o de longe, aproveitou que ele dormia para averiguar a tal caixa.


- Non acre... - foi interrompida pela voz de John reprimindo-a.
- O que faz aí??? – ele levantou ao perceber sua caixa nas mãos de Amora, esta escondeu a mesma nas costas se afastando para trás.
- Já sei do seu segredo. – falou sorrindo ameaçadoramente.
- Não há segredo algum, me devolva!
- Devolver?? Non mesmo. – correu para perto da cama onde estava sua arma.
- Não pode fazer isso comigo! Eu lhe ajudei! Devolva-me agora. – apenas olhava-a.
- Pardon monsier, é mais forte que moi. – piscou.


Ele irritado voltou-se para ela, esta pegou sua adaga, mas ele não recuou e a empurrou contra parede mesmo assim. Encurralada, ameaçou-o com a adaga encostando-a em seu pescoço.


- Já disse é mais forte que moi. Tente pegá-la e morrerrá tentando. – falou serrando os dentes e logo depois sorriu.


Mesmo ameaçado ele não a soltou, mas também não tentou pegar a caixa de volta, não sabia o que fazer, mesmo irritado aquela mulher o atraía e com a respiração ofegante continuou a encará-la. Ela estava mais preocupada com o que poderia ganhar com aquele segredo e então continuou.


- Melhor assim... – continuou sorrindo. Façamos o seguinte... proponho um acordo, toi aceita e estamos quites. O que me diz?
- Que acordo? – por um instante parou de olhar para os lábios daquela linda morena.
- Toi me mostra a casa por dentro, roubamos algumas jóias, prataria, e non o denuncio. Que tal?
- Roubar os Fontaine’s?
- Oui.
- Eles vão me acusar, na certa. Sou novo aqui! Sem acordo.
- Arrr... – ela resmunga revirando os olhos. Pegue algo e fuja também, orras.
- Não vai desisti não é? – por um momento parecia confuso, mas agora a idéia lhe agradava um pouco.
- Non.
- Proponho então que... – apertou-a contra a parede com seu corpo. Fujamos juntos.


A sensação, a atração que sentia pelo rapaz estava adormecida até este momento. Ela pressionou a faca contra o pescoço dele, porém não tão forte. Ele conseguiu então afastar o braço dela junto á adaga e sem nenhuma reação da mesma a beijou, esta deixando a caixa cair junto com a adaga se deixou levar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário